sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Microfísica do amor

São mesmo as pequenas coisas. As menores, subliminares. Aquela palavra pescada, a frase lançada no inesperado. O embaralhar das entrelinhas. Amor se revela aos poucos, em gotas. São todos os pequenos ramos, que se entrelaçam num querer bem. O cuidar é imperativo. O estar, também. Mas tem algo que os foge. Escapa de suas mãos largas. As mil e umas pequeninas borboletas que não se notam sozinhas. O esvoaçar amarelo, descompromissado de cada uma delas, na sutileza de asas finas como a linha que tange o encontro.

É o não embrutecer com o cronograma da semana, de tarefas saltitantes em telas estremecidas. É o fincar, de leve, a vontade no assobio do vento, sem achar tempestade. Pro raio que o parta os dias em grilhões informatizados. É escapar despercebido da fila enfadonha do descolorar.

Amar é sentimento que escapa de si. Em infinitas, imperceptíveis, avassaladoras, pulsações.