sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Vou me profissionalizar em bafo

Tive a felicidade de ganhar uma noite para não fazer nada nessa quinta feira. Passei 4 horas esparramado na frente da televisão, sem nenhum remorso intelecto cultural, num mar insípido de fútil entretenimento. Fui logo de America's Next Top Model, para entrar de solo na estupidez vazia, e quase tive overdose. Pra que perder tanta água potável com essa gente que só serve para fazer o resto do mundo se achar feio, entrar no cheque especial e te fazer ficar uma hora ansioso para saber se é a loirinha ou a ruiva que sai no último bloco (malditas mulheres bonitas, todas elas!).
Depois desse entupimento de nada nas artérias, acabei me desviando do curso e me peguei prestando atenção em algo que valia a pena, perdi 15 minutos da minha ociosidade assistindo a Grande Família. Mas logo me recuperei em grande estilo quando deixei as olimpíadas tomarem conta do tubo. De longe nada tem a ver com a babaquice de pseudo modeletes que acham que o que não está publicado na Vogue não está no mundo, mas convenhamos que não se exige qualquer esforço intelectivo assistir um bando de marmanjo, (que toda vez que lembro terem 5 anos a menos que eu, me irrito profundamente e me pego perguntado o que é que eu fiz que não estou competindo pelo ouro olímpico), se desembestando a nadar. Vi o sem graça do Phelps ganhar sei lá qual das trocentas medalhas de ouro que o que não sabe perder ganhou.

Depois da crônica do ganhador anunciado encerrei minha ociosidade com chave de ouro, numa emocionante partida de ping pong. E não me venha você em dizer que o correto é tênis de mesa, porque isso não passa de uma tentativa mal remendada de dar verniz de seriedade para o esporte mais ridículo do mundo. Será que sou só eu que quando vejo a mesa, a redinha, mini raquetes e uma micro bolinha de plástico, penso diretamente em infância, e sala de jogos de hotel barato? Primeiro que é uma sacanagem sem fim o fato de fingirem ter competição. Competição de quem? Todos os jogos que eu vi era um japonês contra outro japonês, e a única coisa que mudava era a bandeirinha no canto do vídeo. Estamos numa olimpíada, bilhões de chineses assistindo, junto com o que restou de população e são dois japoneses, frente a frente, intercalados por uma mesícula azul, o foco de toda a atenção. O melhor é todo o mise en scène da coisa, o cuidado no segurar a bolinha na palma da mão como se origami de papel crepon fosse, as quicadas ritmadas e concentradas antes do saque, o olhar fixo nela, pro alto, mãos de shiva e pimba, vai a bolinha, volta a bolinha, vai a bolinha, fica a bolinha. E assim eles vão até que um japonês ganha a partida e todo mundo finge que não se morre de rir por dentro lembrando de quando se tinha 10 anos e ping pong era a única saída para a chuva na casa da praia. Acho que o Brasil poderia inovar nas de 2014 e propor uma nova modalidade de jogo, o triatlon infanto-juvenil, composto de bafo, bolinha de gude e empinação de pipa a distância. Ia botar o ping pong no chinelo.

ps: é só pausa num tema mais dolorido, que já vem, mas que é custoso de sair.

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